sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Papéis dos Estudantes e Interacção


Através da revisão bibliográfica sobre o texto de Wallace, R. (2003), foi feita uma reflexão sobre os Papéis dos Estudantes e a sua Participação em aulas online, que se desenvolve em três métodos teóricos: Distância Transaccional, Interacção e Presença Social.

- Relativamente à Distância Transaccional, já foi feita uma abordagem a esta teoria, numa postagem publicada em Outubro de 2008.
- A Interacção tem sido usada para melhor entender a construção do conhecimento por parte dos estudantes em ambientes educativos à distância.

Existem quatro tipos de interacção: aluno-conteúdo, aluno-instrutor, aluno-aluno e aluno-interface. Dos vários modelos e esquemas de codificação para a interacção online, é de referir o modelo de Gunawardena e colegas(1998) que constitui cinco fases de construção do conhecimento:

- Partilha/comparação de informação;
- Descoberta e exploração da dissonância ou inconsistência entre ideias,
conceitos ou afirmações;
- Negociação de significado/co-construção de conhecimento;
- Teste e modificação de sínteses propostas ou co-construção; e
- Afirmação de acordo/aplicação de significados recentemente construídos.

Na sequência de um estudo efectuado com base nestas cinco fases resultou na descoberta que, neste tipo de interacção, a informação adicional era adquirida, mas as estruturas básicas dos pontos de vista dos participantes permaneciam as mesmas. Os estudantes envolviam-se numa aquisição de informação que era compatível com conhecimentos existentes aumentando a sua base geral de conhecimentos. Contudo, este intercâmbio social ocorre numa discussão com falta de fluidez e discussões sem seguimento, originadas da falta de comunicação dos participantes para clarificar e discutir as ideias e conceitos dos temas em debate. Uma hipótese para explicar uma situação desta natureza é a de que é muito mais fácil não intervir nas mensagens online quando estas são incompatíveis com o grau de conhecimentos adquiridos, do que quando o mesmo acontece num ambiente presencial.

- A Presença Social é constituída por elementos fundamentais como: a intimidade, a proximidade e a satisfação dos estudantes.

Short e al (1976), apontam a intimidade, determinada por respostas pessoais com sorrisos e contacto visual, e a proximidade, determinada por interacções verbais e não verbais, como elementos de presença social, resultado dos participantes e do meio que os envolve. Nem todos os participantes actuam da mesma forma, cada um agarra as oportunidades de modo diferente, consoante os diversos meios e como lhe são apresentadas as diferentes oportunidades de intimidade e de proximidade.

Gunawardena e Zittle (1997), fazem referência ao impacto que o conceito de presença social tem na satisfação dos estudantes em relação ao ensino à distância. Foram feitas várias pesquisas e experiências com estudantes e constatou-se que a presença social parece provável de ser um factor importante para a aprendizagem e satisfação dos estudantes em cursos à distância, não ficando claro de que forma traz impactos à mesma. Os estudantes geram a presença social através da natureza e conteúdo da sua participação, elemento essencial tanto no seu grau de satisfação como no de aprendizagem. É necessário estabelecer presença social no início dos cursos e continuar a mantê-la ao longo do tempo, dado que a tendência é a de decréscimo de participação por parte dos estudantes. Estes, valorizam as discussões entre o professor e o grupo de estudantes, sendo a estrutura do curso um factor relevante para o debate.

A presença social é sustentada pela natureza da discussão, a sociabilidade nas aulas online e a participação do professor que exerce um papel fundamental em todo o processo, pois transmite um feedback fidedigno ante a exposição dos conhecimentos adquiridos.

No âmbito deste tema, é de todo o interesse ler o artigo "Reflectindo sobre a interacção social em ambientes virtuais de aprendizagem"


Educação Online

A Aldeia global em que o nosso planeta se transformou, altera-se a cada dia que passa, onde as novas tecnologias conquistaram o lugar dos velhos hábitos tradicionais.

Na área da educação os avanços tecnológicos vieram proporcionar métodos de ensino inimagináveis há três décadas atrás. A aprendizagem online é o passo mais recente no processo educativo, quer ao nível do ensino superior, quer ao nível do ensino não superior. Embora a oferta dos cursos à distância oferecidos pelas Universidades remonte a 1890, foi a partir de 1990 que os cursos online surgiram como um fenómeno novo. Com o advento da educação online é crucial que se questione a função interactiva do professor, o papel que vai assumir aquando do início da aula online, e saber como a natureza do conteúdo das aulas vai influenciar o ensino e a aprendizagem à distância. Contudo, é necessário ter em conta os papéis dos estudantes e as interacções com todos os intervenientes do processo educativo.

Os conceitos importantes na investigação sobre o ensino e a aprendizagem online podem ser discutidos em quatro grandes categorias: função e interacção dos estudantes; função e interacção dos professores; colaboração e comunicação online; e novas ferramentas de apoio à formação online.

sábado, 8 de novembro de 2008

Comunidade e colaboração Online

O ensino-aprendizagem em ambientes formais têm características peculiares que não se verificam no ensino não-formal. A importância de uma aprendizagem cooperativa e colaborativa é enfatizada no ambiente de aprendizagem online no qual a Internet dispõe de um conjunto de facilidades que permite a conversação e o trabalho cooperativo de modo a promover a comunidade virtual.

Os investigadores e os instrutores encaram a aprendizagem como uma actividade social, que pode ser enriquecida e fomentada com a participação e a colaboração entre e de todos os intervenientes através dos meios tecnológicos de que dispomos actualmente. Quando não existe esta interacção colaborativa, usufruindo das novas tecnologias como a Internet, estamos a desperdiçar recursos fundamentais para a promoção do processo de ensino-aprendizagem. A comunidade e colaboração são constructos que andam a par, ou seja, a comunidade é evidenciada pela colaboração, e o sucesso da colaboração depende da existência da comunidade.

A natureza assíncrona da Web permite e requer uma aprendizagem cooperante, de modo a que todos os alunos se sintam motivados a participar activamente, partilhando ideias tanto pessoais como académicas. Através dos fóruns de discussão ou em outra forma de conferência em rede, esta interacção é possível a qualquer momento.

Vários autores fazem referência à colaboração como prova de existência de uma comunidade. A interdependência entre os estudantes, apoiando-se mutuamente em vez de competirem entre si, a síntese de informação em conjunto e a independência do instrutor, constituem elementos-chave para a colaboração. Para os investigadores, as aulas online com colaboração ou comunidade representam um modelo que focaliza a construção do conhecimento e não a mera distribuição de informação.

A interacção entre os estudantes é um factor fundamental de comunidade em aulas online.


No Congresso Internacional de Educação a Distância, no Rio de Janeiro, Brasil - XII CREAD MERCOSUL/SUL, encontramos uma tese interessante sobre Abordagens educacionias baseadas em dinâmicas colaborativas on line http://www.cread2008.com.br/programacao/trabalhos/993.pdf



sábado, 11 de outubro de 2008

Distância Transaccional

A teoria da distância transaccional foi definida por Moore, em 1980, como função do diálogo e da estrutura.

Qualquer método de ensino à distância transaccional pode variar consoante a forma como o curso está organizado e colocado à disposição. Quanto maior houver uma componente de diálogo entre o instrutor e os estudantes, ou seja, mais discussões síncronas, menor é a distância transaccional (baixa estrutura, elevado diálogo). No caso de haver mais estrutura providenciada pelo instrutor, o que significa menos controlo do estudante sobre a sua aprendizagem, menos compromisso com o conteúdo e ausências de discussão nas aulas, estamos perante uma longa distância transaccional (elevada estrutura, diálogo baixo).

Um outro factor que interage com o diálogo e a estrutura é a autonomia do estudante, que é vista como o nível de controlo deste sobre o planeamento, execução e evolução do seu próprio trabalho. Os vários factores juntos formam o modelo, chamado a teoria da distância transaccional, útil para compreender o papel do aprendiz e a forma como este se relaciona e responde com as aulas de educação à distância. Nesta perspectiva os constructos referenciados foram explorados por diversos investigadores, entre eles os abaixo indicados:
  • Seba e Shearer(1994) testaram o conceito de distância transaccional promovendo um modelo dinâmico em que as variáveis incluíam o controlo do instrutor, designado como directo ou indirecto e o controlo do aprendiz, designado como activo ou passivo. O controlo do instrutor determinava valores para a estrutura, enquanto que o controlo dos aprendiz determinava os valores para o diálogo.
  • Garrison e Baynton(1987) exploraram o conceito de autonomia do estudante, sugerindo que é uma função da independência, poder e suporte e clarificaram que os constructos de independência e autonomia foram mal definidos e o seu uso é orientado mais para os fins de educação à distância de adultos do que para resultados bem demarcados. Os autores sugerem, ainda, que as dimensões usadas para autonomia (independência, poder e suporte) e os elementos de distância transaccional (diálogo, estrutura, autonomia) estão interligados de tal modo que progressos em estrutura podem nem sempre significar perda de autonomia.

Dos vários estudos encontrados, nenhum explora o significado ou as implicações da distância transaccional ou os constructos relacionados com estes na aprendizagem dos alunos, satisfação ou motivação destes.

Embora a teoria da distância transaccional tenha potencial para ser correlacionada com os resultados obtidos nas diferentes variáveis, tem funcionado como teoria descritiva mais do que preditiva.